Padre de Osasco alvo de operação da PF usa as redes sociais para defender pautas antiaborto e analisar músicas de Luisa Sonza
José Eduardo de Oliveira, de Osasco, é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema. Ele assessorava na elaboração de minutas de decretos jurídicos e doutrinário para a tentativa de golpe de janeiro de 2023. O padre terá que cumprir medidas cautelares como entrega de passaporte em 24h e proibição de contato com outros investigados. O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo. Reproduçãio/Redes Sociais Entre os alvos da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, nesta quinta-feira (08), está o padre católico José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo. A operação cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva contra pessoas acusadas de participação na elaboração da tentativa de golpe de estado no Brasil, em janeiro do ano passado. Entre os alvos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministro e assessores políticos dele. Se inscreva no canal do g1 SP no WhatsApp aqui Na decisão do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita o padre José Eduardo como integrante do núcleo jurídico do esquema. Ele assessorava os membros do suposto plano de golpe de estado na elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas. De acordo com a Polícia Federal, o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad – outros dois investigados no esquema - como indicam os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto. Filipe Martins era ex-assessor especial de Bolsonaro e foi preso pela PF nesta quinta (8). O padre José Eduardo analisa letras e clipes da cantora Luisa Sonza nas redes sociais. Reprodução Durante a operação desta quinta (8), o padre José Eduardo de Oliveira e Silva foi informado pela PF que terá que cumprir medidas cautelares para não ser preso. Entre elas, a proibição de manter contato com os demais investigados da operação, o compromisso de não se ausentar do País e entrega de todos os passaportes (nacionais e estrangeiros) no prazo de 24 horas. O g1 e a GloboNews entraram em contato com a Diocese de Osasco, mas não receberam retorno até a última atualização desta reportagem. Quem é o padre José Eduardo O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo. Reprodução/Redes Sociais Integrante da ala conservadora da Igreja Católica, o padre José Eduardo comemora 18 anos de sacerdócio em 2024. Ele é o pároco oficial da Paróquia São Domingos – o Pregador – no bairro de Umuarama, em Osasco. Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma, Itália), é conhecido nas redes sociais por gravar vídeos no Youtube discutindo guerra cultural, aborto e a influência ruim das músicas e divas pop na vida de crianças e adolescentes. Entre os alvos preferidos do padre estão as cantoras Madonna e Luiza Sonza, em que ele analisa a letra das músicas e o simbolismo de clipes de músicas como “Campo de Morango”. “É de uma baixaria que a gente fica realmente constrangido”, disse. “Não é apenas a letra [das músicas] que diz coisas. Mas é a harmonia, o ritmo e a melodia. Uma música de amor que tem uma batida sensual, ela está falando de amor em termos libidinosos. Na melodia está embutida uma mensagem sexual que não está embutida na letra. [...]Se uma melodia não tem uma inspiração divina, ela tem uma inspiração humana ou demoníaca?”, argumentou o padre em vídeo gravado em 7 de agosto do ano passado. Entre as pautas que o padre mais gosta de comentar é o aborto: “Você tem pessoas tão loucas que elas são abortistas e veganas. São a favor de que se matem os bebês no ventre de suas mães, mas são totalmente contra o extermínio de animais para o consumo”, declarou ele em outro vídeo. Padre José Eduardo analisa capa da revista Vanitty Fair, dos EUA, com a cantora Madonna vestida de Nossa Senhora das Dores. Reprodução/Youtube "Chatólicos" O padre também frequenta canais e podcast de grande repercussão na extrema direita, como os produtos da produtora Brasil Paralelo e o canal do economista bolsonarista Rodrigo Constantino. Nos textos em que mantém no seu site pessoal, o padre também alerta os fiéis católicos contra os colegas de igreja que ele chama de “chatólicos”. Entre as características desse tipo de cristão, segundo o religioso, estão o seguinte: “O fulano que se converteu ontem, mas já se considera o próprio martelo dos hereges; justificam toda agressividade, desde que ungida com uma pretensa defesa da fé, em nome da qual cometem calúnias e difamações, além de muita desonestidade intelectual; Participam da liturgia como censores, mais preocupados com os eventuais erros cometidos pelo celebrante que com a edificação de sua alma; vivem de sensacionalismo escatológico, assustando “os outros com revelações particulares e especulações irresponsáveis sobre o capiroto”, escreveu. Operação Tempus Veritatis Tr
José Eduardo de Oliveira, de Osasco, é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema. Ele assessorava na elaboração de minutas de decretos jurídicos e doutrinário para a tentativa de golpe de janeiro de 2023. O padre terá que cumprir medidas cautelares como entrega de passaporte em 24h e proibição de contato com outros investigados. O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo. Reproduçãio/Redes Sociais Entre os alvos da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, nesta quinta-feira (08), está o padre católico José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo. A operação cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva contra pessoas acusadas de participação na elaboração da tentativa de golpe de estado no Brasil, em janeiro do ano passado. Entre os alvos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministro e assessores políticos dele. Se inscreva no canal do g1 SP no WhatsApp aqui Na decisão do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita o padre José Eduardo como integrante do núcleo jurídico do esquema. Ele assessorava os membros do suposto plano de golpe de estado na elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas. De acordo com a Polícia Federal, o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, com Filipe Martins e Amauri Feres Saad – outros dois investigados no esquema - como indicam os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto. Filipe Martins era ex-assessor especial de Bolsonaro e foi preso pela PF nesta quinta (8). O padre José Eduardo analisa letras e clipes da cantora Luisa Sonza nas redes sociais. Reprodução Durante a operação desta quinta (8), o padre José Eduardo de Oliveira e Silva foi informado pela PF que terá que cumprir medidas cautelares para não ser preso. Entre elas, a proibição de manter contato com os demais investigados da operação, o compromisso de não se ausentar do País e entrega de todos os passaportes (nacionais e estrangeiros) no prazo de 24 horas. O g1 e a GloboNews entraram em contato com a Diocese de Osasco, mas não receberam retorno até a última atualização desta reportagem. Quem é o padre José Eduardo O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo. Reprodução/Redes Sociais Integrante da ala conservadora da Igreja Católica, o padre José Eduardo comemora 18 anos de sacerdócio em 2024. Ele é o pároco oficial da Paróquia São Domingos – o Pregador – no bairro de Umuarama, em Osasco. Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma, Itália), é conhecido nas redes sociais por gravar vídeos no Youtube discutindo guerra cultural, aborto e a influência ruim das músicas e divas pop na vida de crianças e adolescentes. Entre os alvos preferidos do padre estão as cantoras Madonna e Luiza Sonza, em que ele analisa a letra das músicas e o simbolismo de clipes de músicas como “Campo de Morango”. “É de uma baixaria que a gente fica realmente constrangido”, disse. “Não é apenas a letra [das músicas] que diz coisas. Mas é a harmonia, o ritmo e a melodia. Uma música de amor que tem uma batida sensual, ela está falando de amor em termos libidinosos. Na melodia está embutida uma mensagem sexual que não está embutida na letra. [...]Se uma melodia não tem uma inspiração divina, ela tem uma inspiração humana ou demoníaca?”, argumentou o padre em vídeo gravado em 7 de agosto do ano passado. Entre as pautas que o padre mais gosta de comentar é o aborto: “Você tem pessoas tão loucas que elas são abortistas e veganas. São a favor de que se matem os bebês no ventre de suas mães, mas são totalmente contra o extermínio de animais para o consumo”, declarou ele em outro vídeo. Padre José Eduardo analisa capa da revista Vanitty Fair, dos EUA, com a cantora Madonna vestida de Nossa Senhora das Dores. Reprodução/Youtube "Chatólicos" O padre também frequenta canais e podcast de grande repercussão na extrema direita, como os produtos da produtora Brasil Paralelo e o canal do economista bolsonarista Rodrigo Constantino. Nos textos em que mantém no seu site pessoal, o padre também alerta os fiéis católicos contra os colegas de igreja que ele chama de “chatólicos”. Entre as características desse tipo de cristão, segundo o religioso, estão o seguinte: “O fulano que se converteu ontem, mas já se considera o próprio martelo dos hereges; justificam toda agressividade, desde que ungida com uma pretensa defesa da fé, em nome da qual cometem calúnias e difamações, além de muita desonestidade intelectual; Participam da liturgia como censores, mais preocupados com os eventuais erros cometidos pelo celebrante que com a edificação de sua alma; vivem de sensacionalismo escatológico, assustando “os outros com revelações particulares e especulações irresponsáveis sobre o capiroto”, escreveu. Operação Tempus Veritatis Três militares e ex-assessor de Bolsonaro são presos em operação sobre tentativa de golpe em 2022 O relatório da Polícia Federal que embasou a operação desta quinta-feira (8) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros do governo dele e militares, afirma que o grupo agia em seis núcleos para organizar uma tentativa de golpe de Estado (veja detalhes abaixo). Ao todo, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva. Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos. Segundo a investigação, o grupo se dividia da seguinte forma: Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral; Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado; Núcleo jurídico; Núcleo operacional de apoio às ações golpistas; Núcleo de inteligência paralela; Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos. Entenda os núcleos Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral: A investigação afirma que o grupo seria responsável pela produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022. A PF afirma que o objetivo era estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado. Integrantes, segundo a PF: Mauro César Barbosa Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz. Voltar ao início. Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado: De acordo com a PF, o grupo escolhia alvos para amplificar ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas. O relatório afirma que os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais, e através de influenciadores em posição de autoridade perante a "audiência" militar. Integrantes, segundo a PF: Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Corrêa Netto e Mauro Cesar Barbosa Cid. Voltar ao início. Núcleo jurídico: As investigações afirmam que o grupo era responsável por fundamentar juridicamente e elaborar minutas de decretos que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado. Integrantes, segundo a PF: Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, Amauri Feres Saad, José Eduardo de Oliveira e Silva e Mauro César Barbosa Cid. Voltar ao início. Núcleo operacional de apoio às ações golpistas: Segundo a PF, a partir da coordenação e interlocução com o então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro Mauro Cid, esse núcleo atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas para manter as manifestações em frente aos quarteis, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das Forças Especiais em Brasília. Integrantes, segundo a PF: Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Corrêa Netto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães. Voltar ao início. Núcleo de inteligência paralela: A PF diz que esse núcleo coletava dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do então presidente Jair Bolsonaro na consumação do Golpe de Estado. Entre as medidas realizadas, segundo a investigação, estava o monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do ministro do STF Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com objetivo de capturá-los e prendê-los quando da assinatura do decreto de golpe de Estado. Integrantes, segundo a PF: Augusto Heleno, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid. Voltar ao início. Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos: O relatório da PF afirma que o grupo usava da alta patente militar de seus integrantes para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação, endossando medidas para consumação do golpe de Estado. Integrantes, segundo a PF: Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Voltar ao início. Operação da PF Conheça os alvos da operação sobre tentativa de golpe em 2022 A operação desta quinta foi chamada pela Polícia Federal de "Tempus Veritatis" – "hora da verdade", em latim. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Na decisão, ele determinou a entrega do passaporte de Bolsonaro e o proibiu de manter contato com outros investigados. Foram presos nesta manhã: Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel da reserva do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército. O coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Netto, alvo do quarto mandado, não foi detido porque está nos Estados Unidos. O mandado de prisão será enviado ao Exército para que notifique o militar. Os mandados de busca e apreensão atingem: Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição; Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública; general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército; almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha; general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército; Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio"; Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro; Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército. Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército; Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares; Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres; Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello; Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas; Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid; José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco; Laércio Virgílio; Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro; Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército; Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército. Segundo a PF, mandados foram cumpridos em Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal.