Número de eleitores idosos é o maior já registrado; 1 em cada 5 aptos a votar tem 60 anos ou mais
A porcentagem de eleitores brasileiros com 60 anos ou mais este ano é a maior já registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 1994, primeira eleição presidencial com dados de faixa etária contabilizados pelo tribunal, os idosos representavam 11.6% dos cidadãos aptos a votar. Agora, são 21%.
Os eleitores com 45 a 59 anos também atingiram seu maior nível na eleição deste ano, chegando a quase um quarto do eleitorado brasileiro (24,5%). Na eleição de 1994, eles eram 18,4%.
Essa mudança no perfil do eleitorado é natural, uma vez que há uma mudança na pirâmide etária brasileira, com aumento da expectativa de vida e diminuição da taxa de fecundidade.
Gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, Márcio Minamiguchi explica que, desde os primeiros anos do século XXI, a taxa de fecundidade brasileira dá indícios de estar abaixo do nível de reposição.
"A partir do início do século XXI, a gente já tem uma fecundidade a esse nível e esse nível é persistente e ele deve se manter, ou seja, fecundidade abaixo da taxa de reposição quer dizer que a geração das filhas tende a ser menor que a geração das suas mães. Isso quer dizer, a longo prazo, que a parte debaixo da pirâmide tende a ser mais estreita que a de cima", explica.
O crescimento da população mais velha, assim como o aumento da participação feminina, implica em mudanças tanto na hora de fazer campanha quanto na hora de elaborar políticas públicas. Pesquisadores ouvidor pelo g1 apontam, por exemplo, que pessoas mais velhas tendem a se preocupar mais com temas como previdência social e saúde.
RS e RJ tem mais idosos
A porcentagem que o eleitorado mais velho representa varia bastante nos diferentes estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os eleitores com 60 anos ou mais são 26% do total, enquanto no Amapá são 12,%.
Estados da região Sul e Sudeste têm uma participação maior desse eleitorado mais velho, enquanto estados do Nordeste, Centro-Oeste e, principalmente, Norte apresentam taxas menores neste segmento.
Segundo Minamiguchi, a taxa de fecundidade tem variações nos estados brasileiros e este é um dos fatores que explica a diferença demográfica das populações estaduais — assim como migrações, imigrações e taxa de mortalidade.
No caso do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, o gerente do IBGE afirma que esses estados não têm taxas de fecundidade tão diferentes das de São Paulo ou de Minas Gerais, por exemplo, mas têm as taxas há mais tempo.
Para a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), Helcimara Telles, o envelhecimento da população dá maior relevância a temas com seguridade social, que afetam diretamente quase toda a população idosa do país — o Estatuto do Idoso entende como idoso aqueles com mais de 59 anos, mas a idade mínima para aposentadoria por idade é superior a esta idade.
"[O crescimento dessa população] Aumenta a necessidade de Sistema de Saúde, de subsídios aos remédios próprios da população da terceira idade e coloca, no futuro, uma preocupação maior às pessoas que chegam a 50, 60 anos, na aposentadoria", comenta Telles.
Historiadora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Denise de Sordi afirma que, em um contexto de empobrecimento da população idosa, o crescimento desta faixa etária
Norte tem mais jovens
Quando analisado a participação de jovens, o mapa se inverte: estados do Norte têm maior porcentagem de eleitores com até 25 anos e as regiões Sul e Sudeste têm taxas menores neste segmento.
Os estados com mais eleitores jovens no país são Amapá (20,06%) e Roraima (19,53%). Já os que têm menos são Rio Grande do Sul (11,48%) e Rio de Janeiro (12,04%).
Fonte:https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/eleicao-em-numeros/noticia/2022/07/15/numero-de-eleitores-idosos-e-o-maior-ja-registrado-1-em-cada-5-aptos-a-votar-tem-60-anos-ou-mais.ghtml