Mais de 1.500 presos fogem em meio a protestos após eleições em Moçambique

Manifestações começaram após a confirmação da vitória do partido governista, denunciada como fraudulenta pela oposição, na segunda-feira. Barricada em chamas em protesto em Maputo, capital de Moçambique, no início de novembro. AP Foto/Carlos Uqueio Mais de 1.500 detentos fugiram de uma prisão de alta segurança em Maputo, capital de Moçambique, nesta quarta-feira (25). É o terceiro dia de agitação que vem abalando o país desde que a vitória eleitoral do partido governista, denunciada como fraudulenta pela oposição, foi confirmada. No total, "1.534 reclusos fugiram" da Cadeia Central de Maputo, localizada a 15 quilômetros da capital, indicou o chefe da polícia nacional, Bernardino Rafael. Na fuga "houve confrontos com os agentes penitenciários", resultando em 33 mortos e 15 feridos entre os fugitivos. As operações de buscas levaram à recaptura de 150 foragidos, disse ele. Cerca de 30 fugitivos pertencem a organizações jihadistas que nos últimos sete anos vêm aterrorizando a província de Cabo Delgado, no norte deste país do sul da África. "Foram libertados 29 terroristas que tinham sido condenados e estamos preocupados com esta situação", disse Bernardino Rafael. De acordo com o chefe de polícia, grupos de manifestantes se aproximaram da penitenciária e criaram confusão, levando a tumultos dentro da instalação, onde os presos quebraram uma parede pela qual escaparam. Nesta quarta-feira, barricadas continuaram a ser erguidas em vários pontos da capital, controlando os poucos veículos que tentavam circular, e os atos de vandalismo continuaram. Várias lojas foram saqueadas desde a segunda-feira e várias ambulâncias foram incendiadas, disse um correspondente da AFP. Alguns manifestantes montaram mesas nas ruas para manter a área ocupada enquanto comemoravam o Natal com suas famílias ou vizinhos nos bairros operários de Maputo. O Conselho Constitucional ratificou na segunda-feira a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde que a ex-colônia portuguesa conquistou a independência, em 1975. De acordo com a mais alta corte do país, seu candidato, Daniel Chapo, 47 anos, obteve 65% dos votos nas eleições de 9 de outubro, frente a 24% de seu principal oponente, Venâncio Mondlane. Mondlane, que denuncia um processo eleitoral fraudulento, havia advertido, antes da decisão do Conselho Constitucional, que atribuir a vitória à Frelimo poderia mergulhar o país no "caos". Insegurança Pelo menos 150 pessoas morreram em dois meses de manifestações, greves e bloqueios em Moçambique. Na terça-feira, o governo informou que 21 pessoas tinham morrido, entre elas dois policiais, desde a confirmação, na véspera, da vitória da Frelimo. Nesse período também foram registrados 236 "atos de violência graves", que deixaram 25 feridos, 13 deles policiais, detalhou o ministro do Interior, Pascal Ronda. "Grupos de indivíduos com armas brancas e armas de fogo atacaram delegacias, centros de detenção e outras infraestruturas", reportou Ronda, entre elas um presídio de onde fugiram 86 presos antes da fuga em massa desta quarta-feira. O chefe da polícia disse, por sua vez, que temia um agravamento da insegurança nos próximos dias, diante da perspectiva de que os foragidos se unissem a grupos criminosos.

Mais de 1.500 presos fogem em meio a protestos após eleições em Moçambique

Manifestações começaram após a confirmação da vitória do partido governista, denunciada como fraudulenta pela oposição, na segunda-feira. Barricada em chamas em protesto em Maputo, capital de Moçambique, no início de novembro. AP Foto/Carlos Uqueio Mais de 1.500 detentos fugiram de uma prisão de alta segurança em Maputo, capital de Moçambique, nesta quarta-feira (25). É o terceiro dia de agitação que vem abalando o país desde que a vitória eleitoral do partido governista, denunciada como fraudulenta pela oposição, foi confirmada. No total, "1.534 reclusos fugiram" da Cadeia Central de Maputo, localizada a 15 quilômetros da capital, indicou o chefe da polícia nacional, Bernardino Rafael. Na fuga "houve confrontos com os agentes penitenciários", resultando em 33 mortos e 15 feridos entre os fugitivos. As operações de buscas levaram à recaptura de 150 foragidos, disse ele. Cerca de 30 fugitivos pertencem a organizações jihadistas que nos últimos sete anos vêm aterrorizando a província de Cabo Delgado, no norte deste país do sul da África. "Foram libertados 29 terroristas que tinham sido condenados e estamos preocupados com esta situação", disse Bernardino Rafael. De acordo com o chefe de polícia, grupos de manifestantes se aproximaram da penitenciária e criaram confusão, levando a tumultos dentro da instalação, onde os presos quebraram uma parede pela qual escaparam. Nesta quarta-feira, barricadas continuaram a ser erguidas em vários pontos da capital, controlando os poucos veículos que tentavam circular, e os atos de vandalismo continuaram. Várias lojas foram saqueadas desde a segunda-feira e várias ambulâncias foram incendiadas, disse um correspondente da AFP. Alguns manifestantes montaram mesas nas ruas para manter a área ocupada enquanto comemoravam o Natal com suas famílias ou vizinhos nos bairros operários de Maputo. O Conselho Constitucional ratificou na segunda-feira a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde que a ex-colônia portuguesa conquistou a independência, em 1975. De acordo com a mais alta corte do país, seu candidato, Daniel Chapo, 47 anos, obteve 65% dos votos nas eleições de 9 de outubro, frente a 24% de seu principal oponente, Venâncio Mondlane. Mondlane, que denuncia um processo eleitoral fraudulento, havia advertido, antes da decisão do Conselho Constitucional, que atribuir a vitória à Frelimo poderia mergulhar o país no "caos". Insegurança Pelo menos 150 pessoas morreram em dois meses de manifestações, greves e bloqueios em Moçambique. Na terça-feira, o governo informou que 21 pessoas tinham morrido, entre elas dois policiais, desde a confirmação, na véspera, da vitória da Frelimo. Nesse período também foram registrados 236 "atos de violência graves", que deixaram 25 feridos, 13 deles policiais, detalhou o ministro do Interior, Pascal Ronda. "Grupos de indivíduos com armas brancas e armas de fogo atacaram delegacias, centros de detenção e outras infraestruturas", reportou Ronda, entre elas um presídio de onde fugiram 86 presos antes da fuga em massa desta quarta-feira. O chefe da polícia disse, por sua vez, que temia um agravamento da insegurança nos próximos dias, diante da perspectiva de que os foragidos se unissem a grupos criminosos.